Servidores denunciam omissão da Fhemig sobre violência nos hospitais
Apenas em 2014, foram registrados mais de 20 casos de agressão física contra a equipe de enfermagem e técnicos
Apenas em 2014, foram registrados mais de 20 casos de agressão física contra enfermagem e técnicos - Foto: Mila Milowski
Em audiência pública na tarde desta quarta-feira (24/9), a Comissão de Saúde e Saneamento recebeu funcionários do Hospital Psiquiátrico Galba Veloso (regional Noroeste), que apontaram para a urgência em se repensar a gestão da saúde pública no Estado. Apenas em 2014, foram registrados mais de 20 casos de agressão física contra a equipe de enfermagem e técnicos, ocasionadas por diferentes fatores ligados ao sucateamento da instituição. Foi destacada a falta de infraestrutura, segurança e capacitação de pessoal para receber pacientes oriundos do sistema penitenciário e dependentes químicos.
Representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde (Sind-Saúde) denunciaram as condições precárias de segurança em todas as unidades de saúde da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), cobrando medidas para reduzir a situação de vulnerabilidade dos funcionários. De acordo com os trabalhadores, desde o início de 2014, o perfil dos pacientes vem mudando completamente, mas não houve iniciativa da Fhemig em capacitar os servidores e adaptar as instalações.
Os servidores denunciaram janelas quebradas que oferecem risco aos pacientes e aos funcionários, uma vez que o vidro pode ser usado como arma para agressão e ameaça. Também foi apontada a falta de segurança na entrada do hospital, uma vez que não há controle das substâncias levadas pelos familiares e visitantes. Conforme funcionários, muitos dependentes químicos optam pela internação para fugir das dívidas com traficantes, mas seguem usando drogas dentro do hospital. Também destacaram que grande volume de presos performam suicídio e transtornos psiquiátricos para serem levados ao Galba Veloso e, dali, conseguirem fugir, colocando em risco os funcionários e demais pacientes.
Propostas
Diretor do Hospital Galba Veloso, Daniel Freitas afirmou que a unidade possui 130 leitos, mas tem uma lista de espera de mais de 270 internações por determinação judicial. O gestor lembrou que o problema é estrutural, uma vez que já existe orientação do Ministério da Saúde para que dependentes químicos sejam atendidos pelos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps), mas a medida não foi implantada em Minas Gerais.
O Sind-Saúde cobrou respostas da Fhemig, lamentando a ausência do presidente do órgão e denunciando sua omissão em relação aos problemas apresentados. O sindicato afirmou que foi apresentado um relatório à Fundação – material produzido por uma empresa de consultoria na área de segurança e saúde do trabalhador - listando 34 medidas que poderiam reduzir os riscos à segurança dos trabalhadores, mas não teriam sido implementadas.
Entre as propostas estão a instalação de detectores de metais nas portarias, a criação de postos de policiamento, o controle de entrada e saída de visitantes, o acompanhamento de agentes penitenciários no atendimento aos presos, a criação de portas de emergência e a desobstrução daquelas já existentes. Foi também denunciada a falta de telas nas janelas e a existência de móveis de madeira e ferro que podem ser usados como instrumentos de agressão pelos pacientes psiquiátricos.
Encaminhamentos
A partir de sugestões dos participantes, o vereador Doutor Sandro (Pros), que solicitou a audiência pública, encaminhou a criação de uma comissão mista de parlamentares e servidores, para formulação de um novo relatório, contendo as demandas e propostas de soluções a serem apresentadas ao novo governador definido pelas eleições de outubro. Também a ata da reunião deve ser encaminhada ao Ministério Público para que sejam tomadas medidas de adequação legal.
Assista aqui à reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional